Presidente da Fecam, Orildo contradiz governador Moisés sobre respiradores
'Não adianta mandar respiradores sem credenciamento', ressaltou o prefeito de Major Vieira
O prefeito de Major Vieira disse nesta quarta-feira, 15, na condição de presidente da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) que o Governo omite a verdade ao dizer que há hospitais que se recusam a receber respiradores do Governo do Estado. "O governador, que deu sinal de vida agora, o que nos deixa felizes, só que a manifestação do governador foi infeliz porque ele disse que os hospitais não estão aceitando respiradores, mas ele tem de citar os hospitais que não estão aceitando, porque são hospitais que os prefeitos não têm influência, são hospitais filantrópicos, que estão no limite. E aí fica a pergunta: quem é que paga a conta depois da pandemia com esses leitos instalados", disse Severgnini em entrevista ao programa Bom Dia SC desta quarta-feira, 15, na NSC TV.
O governador Carlos Moisés (PSL) disse no começo da semana que o governo tentou abrir mais leitos de UTI, mas em determinadas regiões houve "certa resistência, não tem boa vontade em colocar isso em prática." Devido à mudança na forma de contabilizar os leitos de UTI desocupados, o sistema está passando por ajustes e, até o momento, esta informação não está disponível, mas até a segunda-feira, 13, a lotação chegava a 70% em Santa Catarina.
Segundo Severgnini, nenhum prefeito está recusando respiradores, muito menos leitos de UTI. "A responsabilidade é de todos", afirma, cobrando de Moisés a estrutura necessária para a instalação dos leitos de UTI. "Não adianta mandar respiradores sem credenciamento", ressaltou se referindo ao repasse de recursos do Governo Federal para manter os leitos. Hoje, o Hospital Santa Cruz de Canoinhas, por exemplo, tem cinco leitos de UTI credenciados pelo SUS.
O presidente da Fecam lembrou, ainda, que faltam inclusive anestésicos nos hospitais. "Não adianta respiradores se não temos nem como intubar o paciente", alertou.
Severgnini criticou a falta de ações coordenadas por parte do governo. "Como o governo só conhece o Estado por mapas da Defesa Civil, cabe às regiões tomar as medidas", se referindo a série de medidas restritivas editadas em comum acordo entre 12 prefeitos do Planalto Norte nesta terça-feira, 14.
LEITOS PRIVADOS
O modelo para a contratação de leitos de UTI na rede privada para o enfrentamento da pandemia de covid-19 foi o tema de um encontro virtual na manhã desta terça-feira, 14. Participaram da reunião o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, e representantes das prefeituras da Grande Florianópolis, do Ministério Público estadual e do Ministério Público de Contas. Por conta do aumento significativo da ocupação dos leitos públicos, os entes públicos entendem como necessária a contratação na rede hospitalar privada, porém os chamamentos públicos realizados até agora não tiveram interessados. É também uma reação a suposta resistência dos hospitais públicos e filantrópicos em receber os leitos.
A dificuldade se dá por conta da oferta de pagamento da tabela SUS, considerada insuficiente pelas unidades privadas. Em função disso, o Estado irá propor um formato de edital que englobe uma complementação desse valor. Após esse trâmite, o modelo voltará a ser discutido com as prefeituras e os órgãos de controle.
"Essa será mais uma ação do Estado no combate à pandemia, entre as tantas que já foram realizadas desde a implementação do Centro de Operações de Emergências em Saúde (Coes), em 12 de março. Estamos enfrentando uma dificuldade extrema na contratação dos leitos privados, e a conversa de hoje foi importante para o alinhamento das ações", diz Motta Ribeiro.
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